terça-feira, 25 de outubro de 2011

Tomo um, Capítulo um: A taverna, final

Pobre homem é este soldado
Não sabe com quem se mete
só hoje venceu mais sete
O Magna, ainda está armado


Mas ele não se intimida
Saca o sabre da cintura
"quero ver tuas firulas
Quando em perigo tua vida!"


Magna reconhece um lutador
E este de creto não é
"Meu amigo, tenhas fé
Pois eu sou um grande vencedor"


O guarda era fraco, de fato
Ele saltou e estocou
ataque por ataque errou
Pra luta o homem não tem tato


Mas era só isso que queria
O guarda era bem esperto
"Seu fim chegou, te alerto
Já chega de tua cantoria"


"E o que farás, pobre homem?
Nem me cansar não consegues"
"Pare, melhor que te entregues
Com teu sorriso eles somem!"


"Eles? Quem? De quem tu me falas?
"Eles já vão aqui chegar
com esta folia acabar
Posso escuta-los, abram alas!"


E neste instante, pela porta
Dez homens entram armados
são verdadeiros soldados
A folia agora jaz morta


Que armaduras são todas essas?
só se viam brigantinas
costuradas sobre batinas
qualquer um queria uma dessas


Eram homens de grande porte
postura reta e armada
em mãos, escudo e espada
onde o símbolo ostenta forte:


"Somos soldados de Dandácia
e esta vila agora é nossa
nada há que fazerdes possa
Renda-se agora, sem audácia"



sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Tomo um, Capítulo um: A taverna, pt 4

"Que pouca da vergonha é essa?"
exclama o homem da milícia
magna sorri com malícia
"Oh seu guarda, porquê a pressa?


"Seu guarda não, olhe o respeito
que é isto que em mãos seguras
não és tu que aqui fulguras
sou quem digo o teu direito


Abaixe esta arma e a guarde
antes que a força eu deva usar
renda-se, sem nada falar
não quero mais saber de alarde


Qual é teu nome, meliante
Diga logo, de uma vez
e então, somente talvez
deixe você seguir adiante"


A cara de espanto se foi
Magna baixa sua arma e então
faz uma cara de bobão
com calma então responde: Oi


"Como vai, da lei nobre servo?
Fazem seu trabalho apenas
mas aqui há duas cenas
Meus direitos todos eu conservo


Quero me defender em frente
de cada um neste lugar
que fiz errado, foi sacar
minha arma, mas eis um demente:


Este homem quase a ela matou"
aponta o dedo a multidão
sentiu então a solidão
bandoleiro algum ali sobrou


"Como podem, pobres covardes
fogem assim que tem chance
querem que eu aqui dance
CORRAM, vão pega-los, não tardes!"


"Cale-se agora seu vadio
me de esta sua arma
não me importa o que te alarma
pra defender-te já é tardio"


Um salto e outro rodopio
duma mesa, para em cima
sabre em guarda, volta o clima
"Cante barda, que eu me alivio


Querem prender-me por engano
essa injustiça não quero
na verdade, não tolero
vi que vai ser no mano-a-mano"


"Seu pobre infeliz, como queira"
Mas o parceiro mais quieto
saiu correndo discreto
deixando pra trás só poeira


...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Tomo um, Capítulo um: A taverna, pt 3

Magna como um raio o atinge
rosto e também no pescoço
está o maior alvoroço
Só a solidão de preto o tinge


Dois do grupo logo se atiram
um chuta alto e outro soca
"mas que cara mais boboca
sou rápido, ainda não viram?"


Do soco pra trás ele esquiva
mas do chute que vem alto
pega a perna e outro salto
do tombo o Magna não o priva


De cima da mesa é mais fácil
ele arremessa a linguiça
e mais ainda ele atiça
tocando de maneira grácil


Provoca os demais bandoleiros
se equilibra na cadeira
em dois pés, que brincadeira
e nos vadios chuta os saleiros


Que em um deles acerta em cheio
"melhor lavar isso aí
dói tanto que até eu senti"
Nos olhos pegou bem no meio


A cedeira arremessa então
noutro que vinha correndo
e castanholas batendo
um a um derruba sem pressa


Até que vê mulher tão bela
salta pra dela mais perto
vai se dar bem, está certo
sente-se enamorado dela


Vestido vermelho bem comprido
"fizeste eu perder meu ar
te conheço de algum lugar?"
"Talvez dos teus sonhos, querido!"


E um tapa forte nele dá
mas é só m pouco de azar
ele acredita, vai passar
Pra briga ele então volta já


Nas castanholas bate feroz
dois em dois faltam mais dois
"mas que besta que vós sois"
Derruba o sexto com um chute atroz


O sétimo sai correndo
mas a luta não acabou
o homem do facão voltou
"MALDITO, acabarás morrendo"


Ao redor dele uma roda abre
Medo a ele não inflige
O Magna não se aflige
Estufa o peito e saca o sabre


E enquanto canta a bela barda
pela porta chegam dois
a briga fica pra depois
Chega a autoridade de farda


...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Tomo um, Capítulo um: A taverna, pt 2

De perto do chão ele pula
do chão pruma mesa, e então
da mesa ao gordo bem bobão
que ainda festejava a fula


"O jogo acabou, meu amigo"
foi pra cima dele e saltou
"me divertir hoje eu vou,
faz um tempo que já não brigo"


E no ar sacou suas amigas
madeira pura e polida
castanholas esculpidas
parceiras de muitas intrigas


Viu então aquele capatas
que o facão arremessara,
numa raiva que não sara
sem lápide nem "aqui jaz" 


Várias batidas no ar soam
Magna está tocando
reparando em todo o bando
parecem corvos quando pousam


"Sete deles contra eu apenas
uma tremenda injustiça"
na viga há uma linguiça
"É pra eles a quem acenas?"


" é louco, homem? Te pergunto!"
Um sorriso e outro salto
rodopiando bem alto
agora armado de um presunto


Cai lá, bem no meio do bando,
Sua amiga em uma mão só
linguiça em outra, que dó
"Escutem bem o que lhes mando"


"Lançar um facão é um perigo
uma criança indefesa
estarrada numa mesa
já é demais pro seu umbigo


Quero ver agora o vexame
um homem do seu tamanho
na briga, de ti eu ganho
mesmo armado com este salame"


"Escute aqui, pobre vadio
somos sete, e você é um.
Como uma mosca faz zum,
dou fim ao teu sonho doentio"


Sem terminar o que dizia
foi no rosto golpeado
ficando desesperado
que vergonha ele passaria?


...

sábado, 15 de outubro de 2011

Dá-se início à Epopeia Magna

Magna era nada de um grande herói
na taverna dança e pula
apronta muita firula
e pra vida nada ele constrói

Ele entra pra beber, armado
e passa despercebido
ficando então aturdido
Isso não é de seu agrado

Ficaria então no gramado
por acaso paz quisesse
mas busca mesmo é estresse
e não o vestido bordado


Dos vários prazeres da vida
ele quer apenas confusão
saltar e cair no chão
Donde maior é a subida

Mas sempre há alguém, realmente
grande e imbecil pra brigar
e nessa ele vai mesmo entrar
E alguém vai perder um dente

Uma caneca quebra no ar
cerveja pra todo lado
as vozes se unem em brado
uma criança põe-se a chorar

Um salto rápido e um giro
a coitada, então caída
por mãos ágeis soerguida
e o choro cessa num tiro

Nada de herói o Magna tem
com a criança nos braços
na parede faz seis traços
Está com a espada em mãos também!

Até os corajosos fogem
de uma grande habilidade
salta com facilidade
enquanto os outros nem reagem

Mas sempre tem alguém bem maior
e muito mais burro também
com habilidade do além
o gigante ficou na pior

Dois cortes e sua calça caiu
um riso grande de todos
estavam de pé os gordos
com certa malícia, Magna sorriu

"Força não é tudo" ele disse
"rápido como uma flecha
é fácil encontrar a brecha"
e sumiu sem que ninguém visse

Num salto aterrissou no balcão
um giro e então o frio
o lugar estava sombrio
alguém arremessara um facão

Com jeito ele a deixou no chão
a pequena, lá, parada
oculta na bancada
então à briga foi com paixão

Agarrou o lustre num salto
num chute atingiu o alvo
era um menestrel calvo
Mas não um homem muito alto